Os egoístas constituem a antítese daquilo para que fomos criados. Fomos criados e remidos pelo Senhor, que é Amor eterno. Jesus libertou-nos de modo a podermos amar. E o amor concentra-se em outra pessoa. O egoísmo é o oposto do amor, porque o egoísta se concentra em si mesmo e não é, de modo nenhum, sensível a outrem e ao que outrem necessite ou deseje. Enquanto o amor se enche de cuidados com a outra pessoa e lhe dá de boa-vontade, o egoísta se preocupa apenas em satisfazer o ego. Acha que tem de ter seus direitos. Suas exigências têm que ser satisfeitas, desde que tenham relação com saúde, conforto, tempo livre, direito e respeito. Ele vive somente para seu ego; ele o mima. E não está interessado nos inconvenientes que causa aos outros, o tempo e a energia que lhes rouba. Sim, e, por vezes, chega a, conscientemente, tirar proveito das pessoas ao seu redor, especialmente daqueles que lhe estão por baixo, e as utiliza de maneira que poderia afetar-lhes o corpo, a alma ou o espírito.
O aspecto terrível disso está em que o egoísta vive para si mesmo e não para Deus, nem para o próximo confiado por Deus a ele. Em vez de adorar a Deus, ele está adorando o seu próprio ego. Vai ser terrível quando despertar na eternidade. Sua condenação virá na dolorosa sentença: “Fora (da cidade de Deus) ficam… os idólatras” (Apocalipse 22.15). Um egoísta, em seu imprudente egocentrismo corre o risco de passar por cima de tudo para satisfazer às próprias exigências, não importando o prejuízo que possa causar ao próximo. Assim, de vários modos, ele quebra os mandamentos de Deus e amontoa condenação e infelicidade para si. Exatamente por isso precisamos odiar o egoísmo e sustentar uma séria batalha de fé contra ele de modo a sermos remidos.
Acima de tudo, é necessário que reconheçamos, à luz de Deus, o nosso egoísmo camuflado. Podemos camuflá-lo, por exemplo, amando nossa família e cuidando dela. Com certeza isso é muito bom. Mas, se estamos tão interessados nos direitos e no bem-estar de nossa família, que prejudicamos os outros, isso é “egoísmo familiar”. Estamos meramente nos concentrando ao redor de um “ego extenso”. Uma outra expressão deste egoísmo familiar pode manifestar-se na atitude de pais que, por causa de planos mais ambiciosos, buscam evitar que seus filhos atendam à chamada para se dedicarem a um serviço de tempo integral no reino de Deus.
O egoísmo não somente faz com que outras pessoas sofram e que pequemos contra elas, mas também prejudica nossa alma. Nós o alimentamos com tudo que o ego deseja de modo que não resta nenhum espaço para a vida divina, para a habitação de Jesus em nosso coração. Então Jesus nos dirige estas severas palavras: “…tens nome de que vives, e estás morto” (Apocalipse 3.1). Se cremos em Jesus, mas ainda somos dominados pelo egoísmo, estamos levando uma vida cristã imaginária, e pertencemos ao grupo dos hipócritas. Quando demos nossa vida a Jesus, nós lhe demos as prioridades de nossa vida: “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Coríntios 5.15).
Mas, quantos crentes conservaram o egoísmo quando se tornaram cristãos e o deixaram medrar na área do domínio espiritual? Esse crescimento canceroso permeia muito rapidamente todos os interesses espirituais como: o desejo pela hora tranqüila de oração, por maior conhecimento, pela comunhão com outros cristãos, pela pregação e serviços de culto, e assim por diante. Sem nos darmos conta, vamos às reuniões visando apenas a nossa edificação e não para nos reunirmos aos demais no tributar glória a Deus. Até mesmo nos longínquos dias da Igreja Primitiva, o Apóstolo Paulo teve de lamentar que “todos eles buscam o que é seu próprio, não o que é de Cristo Jesus” (Filipenses 2.21). O egoísta “piedoso” avalia tudo de acordo com o que pode conseguir da situação. Canta, ora, crê e vive uma vida “espiritual” no seu próprio interesse, mas, assim fazendo, está caindo em tremenda hipocrisia. O egoísta só precisa do Senhor, quando Ele pode fazer algo em seu favor. É por isso que se mostra insolente para com o Senhor, quando Ele não atende aos seus reclamos, e desaponta suas expectativas egoístas.
O egoísta é uma falsificação dos discípulos de Jesus. Eis um versículo que a ele se aplica: “Qualquer que não tomar a sua cruz, e vier após mim, não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.27). Portanto, o egoísta não pode pertencer ao reino de Jesus. Falta-lhe um importante elemento da vida de Jesus e da vida de todo verdadeiro discípulo: sacrifício. Somente onde há sacrifício, há amor verdadeiro. E todo que pratica o oposto do amor em sua vida, estará fora do reino dos céus, o reino dos que amam. O egoísta que poupa o seu ego, evita sacrifício e se mostra assim infiel em relação ao amor, não pode pertencer a Jesus e a Seu reino, aqui ou na eternidade.
Visto que temos a tendência egoísta, é preciso que concordemos de forma clara que temos de libertar-nos de tal egoísmo, custe o que
custar. O modo para se conseguir isso envolve uma rendição plena de vontade. Temos de tomar uma decisão. Queremos continuar a nos impor, a apresentar nossas petições, desejando seu cumprimento? Ou, queremos odiar esse “ídolo”, nosso ego, e deixar de dar-lhe algo que possa alimentá-lo? Queremos fazer tudo para ajudar a matá-lo? Se dizemos a Jesus: “quero ser Teu discípulo, quero seguir Contigo o caminho de sacrifício”, o primeiro passo tem de ser dado. Porque Jesus só pode livrar-nos da sujeição ao pecado se, conscientemente, nos entregarmos a Deus.
Este caminho de dedicação está claramente resumido na Carta aos Filipenses: “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.” E, então, o caminho de sacrifício que Jesus percorreu delineado: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus que… a si mesmo se esvaziou…” (Fp 2.4,5,6). Quanto mais pudermos imitar a pessoa do Senhor Jesus e o caminho que Ele trilhou, bem como Seu amor que O levou a esvaziar-se por nossa causa, tanto mais seremos capazes de odiar nosso ego e egoísmo. Então nossa gratidão a Jesus e amor por Ele nos apressarão a proclamar Sua redenção e a lutar a batalha da fé contra o pecado do egoísmo. Isso quer dizer que temos de louvar o poder do sangue sobre todas as exigências do nosso ego sempre que estas surgirem dentro de nós.
Mas, significa, também que toda vez que um ato egoísta nos vencer, deveremos ser compelidos ao arrependimento. Toda vez que tivermos cedido ao ego e tentado apoiá-lo nisto ou naquilo, deveremos renunciar e, além disso, sacrificar tudo o que for possível. Em resposta às nossas orações para nos libertarmos do egoísmo, Deus exigirá muitos e dolorosos sacrifícios, e, nesse caso, devemos dizer “Sim”. E deveremos devotar-nos principalmente àqueles aos quais tenhamos prejudicado com nosso egoísmo e imprudência. Então Jesus provará quem Ele é e o que pode fazer. Ele pode transformar um egoísta em uma alma amorosa e abnegada, para a glória de Seu nome.
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