Textos do livro “Nunca Mais Serás o Mesmo".

A Vaidade

Uma pessoa vaidosa! Estas palavras não constituem exatamente o que você classificaria como um cumprimento. No entanto o mais alto anseio do indivíduo vaidoso é ser cumprimentado. Exteriormente, ele procura ter uma aparência atraente e usar roupas elegantes. Interiormente, se esforça por apresentar a fachada de uma personalidade agradável. Seu motivo básico é fazer uma boa figuração em público, de modo a conseguir respeito e atenção. A pessoa vaidosa sente forte atração pelo espelho. Contempla sua figura e gosta do que vê. Num sentido figurado, ele mira também todas as suas reações, atividades e conversas num espelho e tem prazer nelas.

O frívolo e o vaidoso esquecem, entretanto, que há um outro espelho – o olho de Deus – que nos mostra a verdade acerca de nós mesmos, aquilo que está por trás da fachada. Através dele podemos ver como tudo é realmente “vazio”, transitório e perecível. Mas, se evitamos o espelho de Deus, estamos enganando a nós mesmos com o espelho dos olhos humanos que miramos o tempo todo fazendo as seguintes perguntas: Como reagem os outros em relação a nós? Temos boa aparência? Somos populares? Então nossa vaidade cresce cada vez mais, embora, no fim, nos torne infelizes. Porque, quanto maior ela é, mais nos tiraniza. Não seremos capazes de fazer algo, sem pensar em como reagirão os outros. Acabamos por fazer com que os que nos rodeiam se sintam constrangidos, porque, pelo menos inconscientemente, eles sentem as exigências de nosso ego, da nossa vaidade.

A vaidade coloca o ego no trono. Ela idolatra o ego e é por isso que ela é um grande pecado. Todo ídolo toma o lugar que, em nossa vida, devia ser de Deus. É por isso que o mesmo veredicto que Deus pronunciou contra os adoradores de ídolos nos atinge também. Porque não podemos servir a Deus e ao nosso ídolo-ego. Queremos que os outros queimem incenso ao nosso ego. Nossa vaidade quer que os outros admirem nossa beleza, inteligência, talentos e habilidades e queimem incenso a elas. Em alguns casos tudo isso é combinado com acréscimos de riquezas mundanas. Gastamos, então, grandes somas de dinheiro na aquisição de custoso guarda-roupa e de outras coisas que nos ajudem a ganhar a admiração dos demais.

Mas, acima de tudo, a vaidade, o desejo de sermos agradáveis aos que nos cercam, faz-nos insensíveis à coisa mais importante para a nossa vida, aqui na eternidade: o sermos agradáveis a Deus. Ninguém conseguirá ser agradável a Deus apresentando uma aparência atraente ou exibindo seus talentos e habilidades. Somente os que não pretendem ser coisa alguma aos olhos dos homens conseguirão a aprovação de Deus. Este é o ponto a que chegamos. Seria terrível perder a aprovação de Deus enquanto estivéssemos procurando a aprovação dos homens. Estaríamos, então, demasiado longe de Jesus. É por isso que temos de arrepender-nos completamente.

O primeiro passo para nos desembaraçarmos desse pecado é admitirmos honestamente que somos frívolos e vaidosos. Se deixarmos que a luz de Deus nos mostre isso, então podemos dizer: “Como poderia eu ser vaidoso? Meus pecados são tão feios. Mesmos que eu fosse excepcionalmente atraente ou talentoso, que importância teria aos olhos de Deus, que sabe o que existe realmente em meu coração? Eu devia sentir-me envergonhado por estar tão afastado de Deus, visto que estou contente com minha pobre e feia pessoa.”

Agora é a hora de pedirmos o “colírio” (Apocalipse 3.18). Que significa isso? Significa que pedimos a Deus e aos outros que nos digam o que somos na realidade, sem levar em consideração a nossa suscetibilidade. Isso nos vai ferir, mas, em compensação, nos ajudará a perceber a verdade a respeito de nós mesmos. Precisamos também pedir ao Senhor: “Impede-me de ouvir alguém me elogiando, e expõe à luz o máximo do meu pecado, de modo que eu possa vê-lo mais claramente. Então me sentirei envergonhado e perderei a vaidade. Sim, eu mesmo devia dizer aos outros o que sou na realidade, de modo que eu me torne humilde e pronto a viver, não do seu favor, mas do perdão e da misericórdia de Deus.”

Outro passo para ficar livre da vaidade é revelar nossos pensamentos frívolos, confessá-los a outra pessoa. Se quisermos receber a graça de Deus, temos de estar livres de frivolidade e da vaidade, porque a graça só será dada aos humildes e aos pecadores contritos, que não ficam satisfeitos consigo mesmo. Mas, se continuarmos a admirar no espelho nossas supostas qualidades e deixarmos que a mão esquerda veja o que faz a direita, já recebemos nossa recompensa (Mateus 6.1). Existe Alguém que não achou aprovação em Si mesmo, sendo Ele o único que podia fazê-lo: Jesus (Romanos 15.3). E nEle somos retos, isto é, fomos purificados de todo pecado, vaidade e frivolidade, inclusive. Ele mudará nosso coração de modo que ele não procure mais agradar aos homens, mas somente a Deus.

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